Poucas decisões têm o poder de transformar o futuro quanto aprender uma segunda língua ainda na infância. Mais que apenas adicionar uma habilidade ao currículo, essa é uma escolha que impacta diretamente o cérebro — e quanto mais cedo se começa esse aprendizado, mais profundos tendem a ser seus efeitos.
Do ponto de vista cognitivo, o aprendizado de um novo idioma é capaz de complementar e ajudar no desenvolvimento de competências relevantes para crianças e jovens. Assim, eles podem se tornar adultos mais preparados para enfrentar os desafios que a vida lhes impuser.
Neste artigo, você descobrirá como o aprendizado de uma segunda língua contribui para o desenvolvimento das funções cognitivas e o que fazer para aproveitar esse cenário. Continue sua leitura!
Qual a importância de se aprender uma segunda língua?
Aprender uma segunda língua é uma forma de ampliar horizontes de maneira profunda. Afinal, não envolve apenas conhecer e entender palavras em outros idiomas. É um mergulho em novas culturas e perspectivas, o que expande o repertório de quem aprende.
No caso de crianças e adolescentes, essa é uma forma de conectá-los desde cedo com realidades e contextos diferentes. Como consequência, eles se tornam mais preparados para lidarem com a diversidade e para superarem eventuais desafios.
Outro ponto importante é que dominar um novo idioma aumenta a autoconfiança, estimula a criatividade e expande o potencial de comunicação. Todos esses são elementos fundamentais para aumentar as chances de os pequenos abrirem muitas portas profissionais e pessoais no futuro.
Como uma segunda língua influencia o desenvolvimento cognitivo?
Como você viu até aqui, introduzir uma segunda língua expande o repertório de crianças e adolescentes e cria possibilidades diversas. Mas você sabia que também existem benefícios para o desenvolvimento cognitivo? A seguir, descubra como essa prática afeta positivamente as habilidades mentais dos estudantes!
Mais atenção e concentração
Crianças bilíngues precisam identificar constantemente em qual idioma devem se comunicar. Esse movimento treina o cérebro a focar informações relevantes, gerando uma seletividade cognitiva.
Com isso, há um fortalecimento da atenção e do controle inibitório, que funciona como um autocontrole mental essencial para o desempenho escolar. Assim, a concentração é favorecida.
Esses benefícios já foram descritos em diversos estudos, com destaque para a psicóloga Ellen Bialystok. Um estudo da Universidade do Kansas também revelou que crianças bilíngues desde cedo apresentaram tempos de reação mais rápidos em testes de controle de atenção.
Logo, podemos dizer que essa habilidade tende a ser fortalecida para crianças que começam a aprender o segundo idioma desde cedo.
Desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas
Ter que alternar entre dois sistemas de linguagem também exercita a flexibilidade mental de crianças e de adolescentes. Isso é importante para melhorar a capacidade de resolução de problemas, já que os pequenos aprendem a interpretar a mesma situação por diferentes prismas de linguagem e de cultura.
No geral, essa é uma característica que estimula o pensamento criativo e estratégico. Já que o cérebro se adapta a buscar soluções adaptativas com mais rapidez, a solução de problemas também é acelerada.
Aumento da capacidade de tomar decisões
A exposição a uma segunda língua também é importante para reforçar o chamado processo de análise e escolha. Afinal, a criança precisa definir o tempo todo qual idioma usar, qual palavra escolher e como estruturar as frases para se fazer entender.
Esse cenário cria o hábito de seleção, que faz com que os pequenos avaliem diferentes possibilidades o tempo todo. Consequentemente, torna-se natural tomar decisões com mais autonomia e clareza — e, no futuro, isso pode refletir na forma de escolhas melhores e mais racionais.
Aprimoramento da memória
A chamada memória de trabalho também é positivamente impactada pelo aprendizado de uma segunda língua. Ela é a responsável por armazenar e acessar as informações temporárias e passa a estar em atividade constante quando é preciso usar mais de um idioma ao mesmo tempo.
É por esse motivo que crianças bilíngues normalmente têm maior facilidade para memorizar sequências, instruções e até conceitos abstratos. Na escola, essa habilidade pode se refletir em um desempenho melhor em disciplinas como Matemática e Ciências.
Melhoria nas habilidades de leitura e escrita
O fato de falar mais de um idioma também ajuda a criança a desenvolver competências importantes sobre a leitura e a escrita. Diante do uso de mais de um sistema linguístico, a criança passa a ter uma consciência mais apurada sobre sons, estruturas e padrões da linguagem.
Para o idioma nativo, a alfabetização tende a ser melhor. Além disso, a leitura se torna mais fluente; e a escrita, mais estruturada. Essas competências também formam uma base importante para apoiar atividades como interpretação de texto, ganho de vocabulário e organização de ideias.
Quando e como iniciar o aprendizado?
Se o objetivo é maximizar os efeitos cognitivos positivos, recomenda-se iniciar o aprendizado de uma segunda língua já no Ensino Fundamental ou mesmo antes, no final da Educação Infantil. O motivo tem a ver com o desenvolvimento cerebral: na primeira infância, o cérebro tem maior neuroplasticidade e é capaz de absorver novos conhecimentos com mais facilidade.
Em geral, quanto mais cedo se começa o estudo de uma segunda língua, mais intuitiva tende a ser sua aquisição — que acaba sendo parecida com o que ocorre com o idioma materno.
Para aproveitar essa fase da melhor maneira, o ideal é matricular a criança em uma escola com ensino bilíngue ou que possua um projeto bilíngue. Neste ambiente, ela terá estímulos constantes, professores fluentes e o aprendizado de outro idioma como parte do dia a dia.
Qual o papel da imersão em uma outra língua nesse contexto?
Com os dois idiomas integrados em contextos reais de aprendizado, fica mais fácil expandir a visão de mundo dos estudantes. É por essa razão que a abordagem bilíngue tem a função de criar pontes, conectando culturas, modos de pensar e formas de expressão.
Isso só é possível porque em vez de aprender inglês em atividades isoladas, por exemplo, a criança vivencia o idioma em diversos contextos e situações. Com essa formação, é mais fácil potencializar o desenvolvimento de habilidades que fazem a diferença no futuro.
Como você acompanhou, aprender uma segunda língua estimula o desenvolvimento cognitivo das crianças de forma importante para o futuro. Além disso, quanto mais cedo a aquisição de um novo idioma começa, maiores tendem a ser esses impactos positivos.
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